segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Crônicas Publicadas - 004/2019




Da Capanga da Velha Mandraqueira

Dos povos que nos formaram herdamos um amplo sincretismo religioso, cada um com suas práticas, tradições e pajés de várias denominações. Nossa cultura religiosa é repleta de benzedeiras, rezadeiras, curandeiros que tratavam de males físicos e espirituais com ervas, beberagens, rezas brabas, mandingas e simpatias para afastarem os quebrantos, empregando rezas, ervas, patuás e afins.
Com o desenvolvimento, popularização e  acesso à medicina institucional, melhoria na escolaridade e o êxodo rural, vem se extinguindo o interesse das novas gerações pelas práticas de nossos avós. Vão-se os nossos xamãs e com eles sua cultura milenar de cura. No interior ainda restam alguns abnegados mas sem a preocupação de registrar e imortalizar seus conhecimentos e práticas. Há também a crença de que, em se iniciando um novo benzedor, a rezadeira perde seu dom e poder. Consequentemente perdem-se as tradições sem novos Iniciados.
Há uma história de família que diz que a minha tetravó materna era mandraqueira, não se separando de sua capanga, onde  mantinha resguardados seus patuás, teréns, feitiços e conhecimentos. Diz-se ainda que na véspera da sua morte, confiou-os (capanga e mandingas) ao meu avô materno que não os repassou a ninguém, levando-os para a eternidade.  O título desta crôniqueta é em  homenagem à minha parenta a quem gostaria imensamente de conhecer e ser aprendiz, mas que as diferenças de gerações não mo permitiu.
Bença, vó!

Crônica DA CAPANGA DA VELHA MANDRAQUEIRA publicada na minha coluna PÍLULAS DE CULTURA do jornal FALA CMD - ano X - edição 33 - agosto/2017 -pag. 02 -Conceição do Mato Dentro (MG) - agosto/2017.



7 comentários:

  1. Já fui e levava meus filhos tbém.....gosto ate hoje delas....vc falou muto bem, hoje em dia os jovens nem sabem o que é isso..e nem querem saber....parabéns muito legal.👍👍👍👏👏👏

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  2. Grande verdade levei muito minhas filhas para benzer infelizmente esta tradição está se perdendo parabéns poeta

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  3. Minha vó materna foi uma benzedeira, muitas saudades, me ajudou e cuidou dos bisnetos, agora a benzedeira da família é ex sogra, parabéns.

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  4. Verdade,sou desse tempo.sinto saudades das minhas rezadeiras.A minha filha levei muitas vezez.Cultura abençoada!

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  5. Li e gostei de uma definição sobre benzedeiras: "... mãos que curam, palavras que salvam , isso é benzer." É uma pratica maravilhosa. É o mesmo que abençoar. Abraços.

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