Poema QUEBRANTO pulicado em minha coluna PÍLULAS DE CULTURA no jornal FALACMD - Ano X - Edição36 - novembro/2017 - Conceição do Mato Dentro (MG)
quinta-feira, 31 de outubro de 2019
Poemas Publicados - 052/2019
Foto: Francisco Ferreira©
Dilema
Como
escrever poesia
ante
as obrigações do dia-a-dia,
que
nos vergastam com seus açoites
e
se há também as obrigações das noites?
Como
escrever poesia
se
há que se ganhar o pão de cada dia,
com
o essencial suor de cada rosto
e
se há os gases, as dores e o desgosto?
Como
escrever poesia
se
se tem o trabalho que abençoa o dia,
os
desejos de hoje, sempre e de outrora
e
a dinâmica do passar das horas?
Como
escrever poesia
se
o cantar do galo anuncia o dia,
o
despertador intermitente no horário
e
a eterna defasagem do salário?
Como
escrever poesia
se,
a cada dia, é menos um dia,
se
me aperta o sapato que calço
e
a morte a espreita, no encalço?
Como
escrever poesia
havendo
a nostalgia do transcorrer dos dias,
mas
se, somente ela me alivia,
como não escrever
poesia?
Poema DILEMA publicado no jornal FALA CALIFÓRNIA - Ano XVI -número 115 - julho/agosto/setembro - 2011 - pag.07 - col.02 - Belo Horizonte (MG) - 2011.
Segundo Lugar - categoria adulto no I CONCURSO CARLOS FELIPE DE POESIA - Belo Horizonte (MG) - 2011
Poemas Publicados - 051/2019
Poema DILEMA publicado no jornal FALA CALIFÓRNIA - Ano XVI -número 115 - julho/agosto/setembro - 2011 - pag.07 - col.02 - Belo Horizonte (MG) - 2011.
Segundo Lugar - categoria adulto no I CONCURSO CARLOS FELIPE DE POESIA - Belo Horizonte (MG) - 2011
quarta-feira, 30 de outubro de 2019
Poemas Publicados - 050/2019
Foto: Vera Buosi
Amor
Só se morre de amor, só se perece
Quem dele, o amor; não vive, em assomos.
Sem lhe saborear os doces pomos,
E ao febril desejo, desobedece!
Amor é hino, ode, ele é canção... é prece
É viver momentos, capítulos e tomos...
Vive-se só, do que sentimos, somos,
Morre-se somente do que a alma esquece.
Amor é vida e vida em plenitude,
É viagem sem escala ao universo,
É dádiva, presente, solicitude!
Flor sem espinho, moeda sem reverso,
Som de flautins, oboés, alaúdes,
É fazer da existência, extenso verso.
Poema AMOR publicado na SELETA LITERÁRIA - III Semana Cultural de Jacutinga - II CONCURSO CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE DE POESIA - Ano I -n.01 - 11 a 15 de novembro de 2019 - pag. 06 - Jacutinga (MG) - 1999
- Menção Honrosa:
- Primeiro poema classificado;
- Primeiro poema publicado.
Poemas Publicados - 049/2019
Poema AMOR publicado na SELETA LITERÁRIA - III Semana Cultural de Jacutinga - II CONCURSO CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE DE POESIA - Ano I -n.01 - 11 a 15 de novembro de 2019 - pag. 06 - Jacutinga (MG) - 1999
- Menção Honrosa:
- Primeiro poema classificado;
- Primeiro poema publicado.
terça-feira, 29 de outubro de 2019
Poemas Publicados - 048/2019
Foto: Vera Buosi
Classificados
Troco:
Carta de alforria
por anel de noivado
e promessas recalcitrantes.
Espelho, espelho meu
por maçã envenenada
à luz de velas.
Casa de seis cômodos
por casulo de incertezas
e uma dose de ópio.
Caderno de poemas
por um cigarro, antes
de um uísque, depois...
Poema CLASSIFICADOS publicado na antologia EXPLODE CORAÇÃO!!! -Edição Especial 2015 - pag. 22 - Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE) - Rio de Janeiro (RJ) - junho/2015
Poemas Publicados - 047/2019
Poema CLASSIFICADOS publicado na antologia EXPLODE CORAÇÃO!!! -Edição Especial 2015 - pag. 22 - Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE) - Rio de Janeiro (RJ) - junho/2015
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
Agradecimentos - 005/2019
Foto: Vera Buosi
Em comemoração à marca de 5000 visualizações em 26 dias de existência vou reproduzir aqui minha crônica POESIA E OUSADIA publicada em 18/09/2017 em minha coluna FIEL DA BALANÇA no blog OCEANO NOTURNO DE LETRAS - Rio de Janeiro (RJ)
Poesia
e Ousadia
“Estou cansado de apenas ler sobre os
feitos de homens melhores.” (George R. R. Martin, in Crônicas de Fogo e Gelo)
Próximo
que estou do lançamento de meu primeiro livro autoral RAÍZES DE PÁSSARO que acontecerá
em 30 de setembro (em meio à ansiedade que o evento está me provocando, a
psoríase à mil dado à carga de stress dos preparativos, quase me deixando sem
pele nas articulações dos cotovelos), mais do que nunca tenho me questionado: porque escrever? Tenho milhares de
respostas a esta pergunta, mas nenhuma delas nunca me satisfez plenamente. E,
justamente ontem, duas respostas novas se incorporaram às outras e, são as que
melhor esclarecem. Quando postei o convite em grupos do facebook que tratam da história
de minha cidade, um amigo de toda a vida, cumprimentou-me pela ousadia; depois,
assistindo a um episódio de Game Off Thrones, ouvi a fala do personagem Samwell
Tarly, que serve de epígrafe para esta crônica. Daí formulei a melhor resposta
até o momento: escrevemos pela ousadia de
não querermos apenas ler sobre os feitos de homens melhores, mas estarmos entre
eles.
Sempre
que me convidam para falar de literatura com alunos, principalmente dos anos
iniciais, inicio as palestras sempre com a mesma fala: Quem aqui é poeta, levante a mão, por favor. Raramente alguém, a
não ser eu, tem a ousadia de levantar a mão. Em seguida falo: Há alguém aqui que seja ou já tenho sido
criança? E, quando todos se identificam como tal, digo-lhes que toda criança é poeta, pois é
imaginativa, cria histórias e gosta de fazer jogos de rimas e, portanto, somos
todos poetas ou já fomos um dia. Alguns têm a ousadia de continuar depois de
jovens e adultos ou, o mais provável, não deixaram de ser crianças, ainda que
apenas interiormente. Ser poeta é muito mais do que apor palavras em versos e
rimá-las, de construir estrofes. Ser poeta é cultuar a beleza e o bem, é
manter-se inocente apesar das maldades do mundo, é o exercício diário de manter
a alma infantil. Sinto uma satisfação enorme em falar para estas crianças, pois
uma das coisas que mais “mata” bons poetas é o viver longe de sua espécie.
Lembro-me de quando era criança e já desenvolvia o gosto pela escrita, mas
pensava que poetas eram seres de outra galáxia, daqueles que só tínhamos
notícias. Para mim Drummond, Ferreira Gular, Adélia Prado eram deuses e
portanto eu não teria acesso ao olimpo de onde eles provinham. É fundamental
que a criança e o jovem que tenha inclinação para a escrita saiba que o moço da
cara fechada que trabalha na escola em que eles estudam, que o morador da casa
amarela com aquele monte de árvores na frente, que o sujeito que está na sua
frente na fila do caixa ou bebendo no botequim perto da ponte é poeta. E um
poeta razoável, com livro editado e tudo. Se não fizermos isto, vão pensar como
eu pensava, que poetas são apenas os grandes e clássicos escritores de seus
livros didáticos ou das bibliotecas da escola. Poetas somos todos nós, ou já
fomos um dia. A alguns o que falta é
ousadia em continuar a sê-lo.
Causos Publicados do Mês - 002/2019
Foto: Vera Buosi
O
Casório de João Punhanga
João
Punhanga foi criado em Comercinho, mas era natural de Curralzinho (Currazinho
ou Curralinho como se dizia naquela época, nos tempos do Onça). Sabido era que,
vivendo naquelas paragens não iria progredir, por isso decidiu que aos 18 anos,
quando se tornasse de maior iria para
a cidade grande. E a maior que existia nas proximidades era a antiga São Miguel
de Almas, da comarca de Conceição do Mato Dentro. Plano feito, plano executado:
bateu na casa dos 18 e se pôs na estrada, rumo à nova vida.
Na
cidade, sem emprego, padrinho ou ninguém, para se virar, comprou uma caixa de
engraxate e como era um caboclo atarracado e valente, se apossou do melhor
ponto da cidade, a praça do fórum. E ali vivia do trabalho de deixar os velhos
sapatos com cara de novos e seus donos com ares de gente importante. Um de seus
clientes mais assíduos era o Juiz de Direito para quem engraxava as
meritíssimas botas três vezes por semana. Sua excelência acabou tomando gosto
pelo João Punhanga e se tornaram amigos.
Passa
o tempo e o João que já namorava a Maria há algum tempo resolveu se casar e
pediu conselhos ao dono das meritíssimas botas que ele engraxava de três em
três dias. Queria na verdade uma aprovação se Sua Excelência, que, ao
contrário, passou-lhe um especial:
“Donde já se vira tamanho despautério, um simples engraxate querer se casar?
Com que trataria da esposa e dos filhos que, invariavelmente, nasceriam deste
enlace?” João recebeu aquele golpe como um soco no estômago semivazio. Esperava
uma palavra de incentivo, uma aprovação, um habeas
corpus para poder se matrimoniar em paz e, no entanto, recebia uma
carraspana? Deixa estar! Dizem que um matuto guarda seu desafeto por toda a vida. Ledo engano! O matuto guarda o
dito cujo por toda esta vida e metade da outra.
Semanas
depois estão as meritíssimas botas recebendo os bons cuidados do Punhanga,
sério, calado e introspectivo, quando Sua Excelência o interpela e:
−
Então amigo João, já desistiu do seu intento de se casar? Afinal, daqui uns
anos, vêm dois ou três filhos e o amigo vai tratar deles com o que?
E o
Punhanga não precisou guardar mais sua ira.
−
Doutor, é o siguinte: vou tratá deles co’a providênca divina, as
minhas engraxações e a puta que o pariu!
Dois
meses depois, com a providência divina e os demais, após sair da cadeia,
casou-se com sua Maria e foram felizes um tempão!
Causos publicados em minha coluna DEDIM DE PROSA no portal OLHO VIVO de Volta Redonda (RJ) em 28/10/19.
domingo, 27 de outubro de 2019
Poemas Publicados - 046/2019
Foto: Francisco Ferreira©
De Secas e Verdes
Cantador se quiseres cantar;
veja que te não aconselho,
os tempos são difíceis!
Mas se imperativo for,
que cantes aleluias
às alegrias da chuva nova
na poeira velha e o cheiro bom
do bom barro de telha branco.
Ou o ocre dos ceramistas,
o branco das terracotas
e o ocre dos santeiros
nos cheiros molhados dos terreiros.
Não é que te queira ensinar
o ofício – de padre dizer missa –
(longe de mim)
é que os tempos são de seca,
são difíceis.
O mundo está sinistro.
digo isto só para parecer mais jovial.
Mas se quiseres calar
(veja que não te censuro).
se acaso, porém insistires,
que cante a paz.
As harmonias de abelhas e vespas
e formigas em seu fatigar
- operárias em construção –
na produção de alimentos
e no tornar fronteiras mais seguras.
Vidas mais úteis, vidinhas miúdas...
Ah, cantador, se os governos
fossem assim, tão eficientes!
Seríamos formigas maiores
e mais úteis, te garanto!
E nossas vidas, melhores.
Não que me queira queixar
é que a seca destes tempos sombrios
tornou agreste a minha alma
e desertificou o meu espírito.
O nosso destino de veredas
é alimentar rios.
Se calado, quiseres cantar e depois emudecer,
(veja que não te pressiono, nem apresso),
já que, por ti, tenho tanto apreço.
É que nestes tempos secos
de dificuldades, cantar é dorido.
Mas se de todo, quiseres te expressar,
que cantes jardins
belezas de moral em cachos,
canteiros floridos de ética,
floradas de justiça
e leiras e leiras de democracia.
Não é que te queira
dizer o que dizer
é que aqui, ao sul do equador,
são tempos de seca,
qualquer fagulha pode atear incêndios e tiranias.
Poema DE SECAS E VERDES - publicado na ANTOLOGIA DAS OBRAS PREMIADAS NO XIX CONCURSO LITERÁRIO DE POESIA E PROSA - Patrono: NEGE ALEM - Academia de Letras de São João da Boa Vista - pags. 19 e 20 - São João da Boa Vista (SP) - 2011
Segundo Lugar na categoria Poesia Adulto.
Poemas Publicados - 045/2019
Poema DE SECAS E VERDES - publicado na ANTOLOGIA DAS OBRAS PREMIADAS NO XIX CONCURSO LITERÁRIO DE POESIA E PROSA - Patrono: NEGE ALEM - Academia de Letras de São João da Boa Vista - pags. 19 e 20 - São João da Boa Vista (SP) - 2011
Segundo Lugar na categoria Poesia Adulto.
sábado, 26 de outubro de 2019
Poemas Publicados - 044/2019
Foto: Francisco Ferreira©
Equus
Do ventre aberto do
cavalo morto
brotam como cogumelos
os urubus
em todos os tons de
preto e luto fechado.
Espantalho com farda de
falcoeiro
acolhe em ramas negras
os abutres
quando o vira-latas
Faísca os espaventa
pelo espólio da carne
morta
do cavalo também morto.
Sob as costelas mortas
do cavalo morto
crescem escaravelhos e
larvas
e raízes adubadas de
capim
no chorume vivo do
cavalo morto.
Éguas virgens e potras
viúvas
relincham cios inúteis
e seus ventres ocos
de potros inconcebidos,
abortos do cavalo morto.
Poema EQUUS publicado na revista CABEÇA ATIVA - 36 - Ano VIII - fev./mar./abr. - 2017 - EQUINOS - pag. 11 - Editores CLÁUDIA BRINO e VIEIRA VIVO - Costelas Felinas Editora - São Vicente (SP) - 2017
Poemas Publicados - 043/2019
Poema EQUUS publicado na revista CABEÇA ATIVA - 36 - Ano VIII - fev./mar./abr. - 2017 - EQUINOS - pag. 11 - Editores CLÁUDIA BRINO e VIEIRA VIVO - Costelas Felinas Editora - São Vicente (SP) - 2017
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
Poemas Publicados - 042/2019
Foto: Francisco Ferreira©
Cotidiano
Um político passa em carro alegórico
a súcia aplaude. Uns poucos impetuosos
vaiam. Coisas da oposição!
O centroavante perde o gol e o grito
transformado em murmúrio, morre.
Alguns praguejam à vontade, de boca-suja.
São tempos de seca, vacas magras devoram
a ilusão gorda e rica.
Faráo decreta o racionamento, alegria fragmentada,
em torrões é servida em migalhas.
Um burro rola na relva espaventando fantasmas
de arreios e chibatas e esporas...
O automóvel para na esquina e a menina indecisa
tropeça no passeio. A malta gargalha
e ri com toda a boca e dentes...
Pairam os arranha-céus sobre calçadas e marquises
espionando pedestres minúsculos que olvidam o céu
nem para previsão do tempo.
A cidade se excita nervosa, geme em cada esquina
e praças. Estala, dilata, contrai. Será que
arrebenta?
O besouro, embalde tenta desvirginar vidraças,
as flores se perdem no asfalto, e mortas se
despetalam...
É a vida que flui!
Poema COTIDIANO publicado na antologia MEUS POEMAS - vol. III - Autores Diversos -pag. 26 - organização: MARIA JEREMIAS DOS SANTOS - Grupo Editorial Beco dos Poetas e Escritores - São Paulo (SP) - 2017
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