Foto: Francisco Ferreira
A Luz
Desde que se perdera na floresta há dois dias,
seguia uma réstia de luz que parecia estar a poucos passos de distância,
entretanto, por mais que andasse, não lhe alcançava. Já estava quase sem
forças! Da estrada avistou a fonte
entalhada em pedra, uma peça formada por uma grande ânfora sustentada por onze
meninos e de onde jorrava uma água, que lhe pareceu fresca e cristalina. O
aspecto sombrio do castelo o fez arrepiar, mas a sede de mais de dois dias,
sobrepujou o medo e, com toda a cautela, entrou no pátio e se pôs a beber.
Neste instante, surgiu ao seu lado um senhor de barbas e cabelos longos e
brancos, de ares malévolos. Com um gesto de suas mãos todas as portas se
fecharam e o menino se viu preso ali. O mágico disse-lhe com um brilho de maldade
nos olhos:
--Vais pagar com a vida tua ousadia em invadir os
meus domínios e beberes da minha água.
Retirou da bolsa que trazia ao tiracolo, uma
pequena balança e duas pedras, uma preta e outra branca, porém de tamanho e
formato iguais e sussurrou-lhe ao ouvido, causando ainda mais terror:
-- Escolhas! Se escolheres a mais pesada,
matar-te-ei agora mesmo. Se, do contrário, escolheres a mais leve, completarás
a coleção de abelhudos da minha fonte.
O menino pode ver que ali, naquela fonte, estavam
crianças de diferentes épocas. Tremendo de medo e amaldiçoando aquela luz que o
levava ao seu fim. Optou pela pedra negra e se preparou para o pior. Quando o
mágico as colocou na balança, teve um súbito estremecimento e olhou, incrédulo,
para suas mãos transformadas em pedra, segurando uma balança equilibrada.
Aquelas pedras, pela primeira vez em milênios, tinham o mesmo peso. Antes de
transformar-se totalmente, ainda balbuciou:
--Impossível! Imposs...
Os onze garotos da fonte deixaram cair a pesada
ânfora e saíram correndo, chorando de alegria pelo encanto quebrado após tantos
séculos de petrificação. Estavam livres da maldição do feiticeiro. No alto da torre norte um anjo observava,
projetando doze luzes na direção da cidade.
Conto A LUZ publicado na antologia PANORAMA LITERÁRIO BRASILEIRO - OS MELHORES CONTOS DE 2017 - Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE) - pags.46 e 47 - Rio de Janeiro (RJ) - 2017
Oi, boa noite,fui lendo e vivendo a história, maravilhoso poeta.
ResponderExcluirObrigado pela visita e pelo gentil comentário, Edilena. Seja sempre bem vinda. Seja uma seguidora também.
ExcluirLindo ! Amei parabéns ao poeta
ResponderExcluirObrigado. Volte sempre.
ExcluirMaravilhoso parabéns
ResponderExcluirObrigado. Seja sempre bem vinda(o).
ExcluirDuas pedras. Dois pesos. (Uma medida injusta). O décimo segundo, anjo tinha chegado... Este conto, não deveria ser lido apenas por adultos. (Lendo este conto, fico imaginando os garotos correndo, livremente rumo a liberdade).
ResponderExcluirInterpretação perfeita. Obrigado!
ExcluirLinda história..Vc consegue transmitir em palavras sentimentos únicos!!
ResponderExcluirObrigado. Volte sempre. Abraços!
ExcluirLinda história!
ResponderExcluirObrigado. Volte sempre. Abraços!
ExcluirMaravilhoso! Parabéns!
ResponderExcluirObrigado. Volte sempre. Abraços!
ExcluirParabéns, maravilhoso !!!
ResponderExcluirObrigado Bárbara B.. Volte sempre. Abraços!
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