quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Poemas Publicados - 038/2019


Foto: Francisco Ferreira©

Lobo em Pele de Poeta

Peles de poetas não me servem
frágeis como a aurora, elas são.
Quero a couraça do guerreiro
ando vexado, procurando emprego.
Quem sabe, a burra cheia e o bucho,
possa rabiscar uns versos
poluídos de chãos de fábricas e fuligens
destes tempos industriais,
talvez destas linhas tímidas
desatem uma segunda revolução
de proletários inspirados e de macacões.
Peles de cordeiro? Também não
agrada-me mais a mandíbula de asno
não obstante a calvície
que inviabiliza o Sansão em mim
e estes músculos flácidos de pouca fé.
Ando temeroso de guerras contra filisteus
procurando a paz, mesmo que inglória.
Antes o covarde vivo, que valente e não.
quiçá esta retirada individual
permita a paz da coletividade.
Mas a pele de lobo, esta sim, me serve
disfarça o lobisomem em mim.
Até que a lua cheia o denuncie...
o que há com o homem moderno que sua própria pele não basta?

***

Suicida

Tocar a mão do vento
e na reverência ao abismo
contemplar a sólida superfície do nada.

Rebrilhar nos olhos fechados
a insondável solidão
do gozar a dor de cada dia.

Flutuar o interior da pedra
navegando o magma essencial.
na rota da erraticidade, abandonar-se.

Empalar o coração em tributo
à liberdade total e absoluta
de dizer sim à vida que sobeja
em dor.



Poemas LOBO EM PELE DE POETA e SUICIDA publicados na coletânea MEUS POEMAS -Vol. VII - DIVERSOS AUTORES - pags. 27 e 28 - organização:MARIA JEREMIAS DOS SANTOS - Grupo Editorial Beco dos Poetas e Escritores Ltda - São Paulo (SP) - 2017

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