Foto: Francisco Ferreira
Ruralização
Na paz preguiçosa
de gente vexada
a carpir sonhos
e construir filhos.
O colostro da vida
sugado em quimeras
de menino levado.
Sob as goiabeiras
o Lobisomem das quaresmas
assalta o imaginário
do povo da minha terra
levando consigo as donzelas.
***
Linha de Produção
Às cangalhas diárias
homens vergados
carregam a tarde às costas,
corações nas marmitas vazias,
cargos e encargos às mãos.
No copo vazio
a solidão transborda
inundando a alma
fertilizando a revolta latente.
Infla-se grita: “Ai!”
Na cama fria
a dama gelada e as contas
os filhos crescendo exigentes
cuidados e dinheiro faltando.
Explode em ira e grita: “Ui!”
Seu grito vazio
perde-se no barulho da máquina
e o chão de fábrica
acolhe seu último ato de revolta
em silenciosa lágrima.
Poemas RURALIZAÇÃO e LINHA DE PRODUÇÃO - publicados na antologia VII COLETÂNEA SÉCULO XXI - pag.25 - Organização: JEAN CARLOS GOMES - PoeArt Editora - Volta Redonda (RJ) - 2017
Maravilhoso
ResponderExcluirMaravilhosooo
ExcluirObrigado.
ExcluirMuito lindo... triste ser tão real!
ResponderExcluirTentei retratar o homem urbano,com emprego formal e do centro-sul (que conheci bem tanto de detrás de um balcão, quanto do chão de fábrica)e suponho que à medida que se afasta desta geografia física e sócio-econômica o drama se expande. O brasileiro é, antes de de tudo, um forte. Abraços!
ExcluirLindo...maravilhoso
ResponderExcluirObrigado.
ExcluirTriste, mais bem verdadeiro 🤗
ResponderExcluirObrigado. Volte sempre, Edilena.
Excluir