domingo, 8 de dezembro de 2019

Poemas Publicados - 104/2019


Foto: Francisco Ferreira
Matalotagem

Foi o que trouxe do mato
quando vim me cidadanizar:
um quicé cego, do cabo quebrado
e três juras de morte mal matadas;
uma broxa de sapé, saco de tabatinga rosa
e três paredes por repintar.
Meio litro de água benta
três assombrações exorcizadas;
um naco de picumã
nas três feridas saradas.
Um alqueire de mandioca puba
quarta e meia de farinha torrada;
meia dúzia de ovos goros
de três galinhas ninhadas.

Um quinau de azeite bento
das três perebas curadas;
uma binga Vospic sem fluido
e três bitucas apagadas.

O coração, pelo meio, e a alma
de saudades encharcada.


Poema MATALOTAGEM publicado na revista OCEANOS - I - pag. 11 - COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDADE MUNDIAL DE POETAS - Organização: ALEXANDRE JAZARA - Jasa Produções Editora - São Paulo(SP) - 2016

5 comentários:

  1. Saudade, que paira sobre uma época vivida. Retalhos da vida. Quanto costurados, contam nossa história. Não canso de admirar seus poemas. Abraços, poeta.

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  2. O telhado da casa da minha vó, muitas saudades do passado que foi muito bom, lindo poema poeta.👏👏👏

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  3. Que saudades dos velhos tempos parabéns poeta !

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  4. Lindo poema...sou apaixonada por seus escritos.Parabéns poeta.

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  5. Parabéns!
    Um pedacinho de nós
    No palavrear poético
    Um gritar, nossa voz,
    Um sub-viver eclético!
    Lucy Almeida AL

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