quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Trovas Publicadas do Mês - 002/2019



Foto: Francisco Ferreira

Trovas

Corre sangue em minhas veias
dos caboclos do sertão;
rejeito, portanto, as peias,
brida, arreata e grilhão.
***
Velhos peões desta terra
que viveram com bravura,
hoje estão perdendo a guerra
pra depressão e amargura.
***
Na minha roça pensando
eu quase perco o juízo
e assim distante estando
de saudade a rebatizo.
***
Vou pitando o meu paieiro,
minha cachaça, bebendo;
sou só mais um dos roceiros
nesta cidade sofrendo.
***
Aqui siriemas cantando
o fazem pra não chorar,
melhor na roça chorando,
que na cidade a cantar.
***
As horas passam depressa
seguindo seu curso, a vida,
nem bem a lida começa
e é hora da despedida.
***
Que seja dor a lembrança
nem me importa se é saudade,
dos bons tempos de criança
não conhecia a maldade.
***
As reformas, tão em alta,
que à vezes, alguém enguiça,
para, pensa e sente falta
de por trema na linguiça.
***
Velha fazenda querida
infância com liberdade,
meus avós inda com vida,
é assim que vejo a saudade.
***
Quando frango novo eu era
o milho, comia na mão,
mas, galo velho, o que espera?
Bater seu bico no chão.

Trovas publicadas em minha coluna FIEL DA BALANÇA do blog OCEANO NOTURNO DE LETRAS - Rio de Janeiro (RJ) - 06/11/19.


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