sábado, 30 de novembro de 2019

Poemas Publicados - 095/2019


Foto: Edilena Gomes

Seca

Nas navalhas de macaco
o vento faz a barba do sol
debruando em brilhos o riachinho
que espreguiça fino em afluentes secos.
O anzol fere o espelho d’água rasa
colhendo piabas, cambebas
em matas de algas e pedras.

Do fundo da floresta
a noite conversa comigo
numa fala-flauta de cachorro ferido.
Nos grotões, e brenhas, e brejos
campeiam caçadores de estrelas
perdidas em nuvens- tempestade.

Sabiás assoviam sermões
suplicando setembros e chuvas
se a Primavera demora em epifanias
nos galhos secos, cortantes
que os ventos de agosto

desnudaram, despudoradamente.

Poema SECA publicado na ANTOLOGIA DE POETAS BRASILEIROS - volume 122 - pag. 26 - Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE) - Rio de Janeiro (RJ) - março/2015.

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